[OPINIÃO] Newsletter da Flur
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É absolutamente delicioso e certeiro o último mail da Flur (Nº508 de 18 de Dezembro). É bem mais divertido quando a equipa da loja de Santa Apolónia parte para a crítica social do que quando falam "apenas" de música.
«(Os) Seda fazem com a pop portuguesa dos anos 80 o mesmo que Nouvelle vague fizeram com a new wave ("nouvelle vague") e tentam aplicar a outras áreas musicais ("hollywood mon amour") onde possa haver dinheiro a ganhar.
"Cairo" dos Táxi pode não ser a melhor canção de sempre, mas transformada em jazz ligeiro genérico torna-se verdadeiramente abjecta. Podemos sempre ignorar e ser felizes ou ser infelizes e esperar pela revolução abstracta que nos liberta.
No entanto, a revolução tende a tornar-se norma logo que é bem sucedida, portanto o que há a fazer é ser discreto, trabalhar na sombra, viver a vida na margem, próximo de queridos e amigos e perguntar como é que é possível as pessoas ainda permitirem que abusem delas de tal forma que as fazem pensar que tudo isso é bom: Mostraram na TV que a moda deste natal já não é o pai natal nas varandas mas sim a imagem do menino jesus em estandarte.
O comércio dos estandartes envolve mesmo padres e há senhoras religiosas que dizem
que é preciso recuperar a imagem original do natal (menino jesus) por oposição à figura pagã do pai natal que impele ao consumo. Na mesma reportagem um padre dizia
que as encomendas dos estandartes vão de vento em popa e cada um custa 15 euros.
Se pensam que são as pessoas simples que aderem a estas modas, não se esqueçam das vezes consecutivas em que Nouvelle Vague enchem salas em Portugal e nos inúmeros discos que seda certamente vão vender. Experimentem ouvir "robot" no myspace deles: a combinação de bossa nova, electro e tango faz lembrar o pior de Gotan Project, outro fenómeno fabricado em França.
Seda e o nome optimus mapping são as piores coisas que vimos hoje, por aquilo que são e pelo que sugerem de importação de conceitos 'com estilo' que é suposto consumirmos alegremente para nos sentirmos integrados na modernidade que afinal é só marketing.
Digam não.
Se tiverem menos de 30 anos bem podiam ensinar-nos alguma coisa de novo em vez de aderirem cegamente aos projectos custeados por marcas que só querem sugar-vos a energia criativa. Olha-se para qualquer lado e parece que é impossível concretizar ideias sem ter o apoio de uma marca e, pior, o nome dela por cima.
O que é que se passa?
Bom natal,tratem dos vossos, divirtam-se e digam coisas.
Nós vamos dando notícias.»
Nota: O rapaz que apareceu na TV a fazer propaganda aos estandartes com o menino jesus não é padre. É engenheiro. Agrónomo.
quinta-feira, dezembro 10, 2009
[INFO] Novo tema dos Portishead
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Os Portishead lançaram um tema cujas receitas serão entregues, na sua totalidade, à Amnistia Internacional. A música chama-se "Chase The Tear" e pode ser vista no vídeo abaixo. Portishead - Chase The Tear from Mintonfilm on Vimeo.
«International Human Rights day marks the anniversary of the United Nation’s historic ‘Universal Declaration Of Human Rights’ on 10 December 1948. The UDHR set out for the first time in a single document the fundamental rights to which everyone, everywhere is entitled - including the right to life, liberty, security, the freedoms of opinion, association and expression, and the right not to be subjected to torture or cruel, inhumane and degrading treatment.»
Mais informações aqui.
quarta-feira, dezembro 09, 2009
[OPINIÃO] Entrevista a António Sérgio pelo Vítor Junqueira (Juramento sem Bandeira)
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A propósito do que escrevi aqui, no Juramento sem Bandeira uma entrevista ao António Sérgio à sua altura. Vale a pena ouvir.
domingo, dezembro 06, 2009
[CONCERTO] Muse ao vivo no Pavilhão Atlântico
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Os Muse actuaram no Pavilhão Atlântico no dia 29 do mês passado. Foram unânimes na consagração e as críticas positivas foram mais que muitas. O Vítor Rodrigues, amigo e repórter "destacado" redigiu um texto que não deixa margem para dúvidas: Concerto inesquecível. Nota: Todos os vídeos referem-se ao concerto.
Uma semana depois de ter sido um dos 1800 privilegiados que assistiram a uma noite memorável no Pavilhão Atlântico (memorável, brutal, magnífica, assombrosa, os adjectivos que quiserem), não resisti a dar-me ao trabalho de vos deixar aqui um cheirinho (a qualidade Youtube não permite mais), com uma videografia comentada de todo o concerto (até para guardar nas minhas memórias também).
Sei que alguns me vão querer bater com inveja, outros não vão ligar nenhuma, mas se quiserem aprender alguma coisa, dêem uma espreitadela… Mas deixo-vos com alguns apontamentos à laia de crónica.
Desde logo o dado surpreendente da assistência que ia dos 10 aos 50 (!), o que é revelador do estatuto atingido por uma banda que tem pouco mais de 10 anos. Com situações em que era visível que tinham sido os pais a trazer os filhos, mas outras em que parecia exactamente o contrário.
Sentia-se uma euforia contida numa grande ansiedade, talvez daí a onda de 5 minutos que “varreu” várias vezes o Atlântico (a imitar o sucedido em Wembley em 2007), e de que vos deixo um curto “frame”.
A abertura foi demolidora, e toda a gente percebeu que as expectativas não iriam ser goradas. Ao longo de duas horas, estes jovenzinhos despejaram virtuosismo e energia, para cima de um público que não parou de cantar (as letras e as melodias), saltar e aplaudir.
E assim, música a música, mais os interlúdios e improvisações, lá foram fazendo inveja aos Rage Against The Machine, Queen, Sonic Youth, Pixies, Smashing Pumpkins, AC/DC, Massive Attack, e certamente a outros. No início da carreira foram comparados aos Radiohead, e não obstante que eu gostasse de fazer parte duma banda comparável aos Radiohead, tentar por um rótulo aos Muse é hoje um exercício infrutífero e preconceituoso. Construíram uma identidade musical própria, sobre composições brilhantes, que atravessam estilos e influências diversos, com melodias muito elaboradas e profundamente belas, muitas vezes sinfónicas e orquestrais, com a sorte de terem um talento inexcedível (não há muitos a tocar e a cantar como o Matt Bellamy…)
Enfim, outra loiça…
Se quisermos por defeitos neste concerto, só se forem as ausências de uma data de clássicos, questão que só se resolveria com mais meia hora de concerto, pelo menos: "Unintended", "Bliss", "Muscle Museum", "Sing For Absolution", "Invencible", "Take a Bow", era só escolher…
Vejam os comentários aos vídeos no youtube e já agora o artigo da Rita Carmo da Blitz.
A "Onda"
1. "Intro (We Are The Universe ) + Uprising"
Percebeu-se logo que concerto íamos ter. O levantamento começou! “We will be victorious”
2. "Resistance". Arrepiante o trabalho de percussão desta música “Love is our resistance”
3. “New Born” Primeiro clássico, grande explosão.
4. "Map of The Problematique" Só encontrei este vídeo. A música merecia melhor… Mas já tínhamos visto qual era o roteiro da noite…
5. “Helsinki Jam” Brincadeirinha… Pronto, vá, são bons, tá bem…
6. “Supermassive Black Hole” Atracção irresistível.
7. “MK Ultra” Mais uma do ultimo álbum a sair ultra ao vivo.
8. “Interlude + Hysteria” Já ninguém resistia à hysteria colectiva
9. “United States of Eurásia” O arabesco riff de piano que é refrão desta composição abria as portas de outra dimensão.
10. “Feeling Good (cover)” Ohhhhhh yeaaaaaahhhh!!!!!!!
11. “Guiding Light” Beijo delicodoce…
12. “Undisclosed Desires“ E o Atlântico começou a flutuar…
13. “Starlight” Transformou-se numa nave rumo aos braços das estrelas…
14. “Plug In Baby” Foi ao rubro…
15. “Burning Bridges (Intro) + Time Is Running Out” Antes que o tempo acabasse…
16. “Unnatural Selection” Deu para respirar…
17. “Exogenesis Symphony Part 1 – Overture” Pronto! Ausência total de gravidade! (assisti a “isto” literalmente de queixo caído)
18. “Stockholm Syndrome” Fomos ao centro do Universo…
19. “Man With The Harmonica (Intro) + Knights of Cydonia” E voltámos a galope solto! (Cereja no topo do bolo)