[INFO] Bruno Belluomini no DnB Online
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O nosso amigo Bruno Belluomini foi entrevistado pelo site DnB Online, um marco na cena de Drum n' Bass brasileiro. Conversa-se desde a génese do dubstep, do qual é um legítimo embaixador, do podcast que mantem semanalmente entre outros assuntos. Em exclusivo podem ouvir o DJ set que preparou.
«“Faaala molecaaada!” É com esse chavão que começa toda edição do podcast Tranquera.org, o único do Brasil dedicado ao dubstep. No comando dele, um dos poucos representantes do segmento nas nossas terras: Bruno Belluomini. Há tempos o DNB Online vem tentando entrevistar essa personalidade e finalmente conseguimos.
Belluomini já tocou em diversos lugares de renome em São Paulo, como Subgrave, Virada Cultural e Dubplate. Além disso, representou o Brasil em Viena recentemente, no festival Into The City. Mas não é das gigs que ele fez que queremos falar, e sim desse estilo inovador, que muita gente não sabe bem o que é, e que Bruno tanto luta para difundir.
Enquanto lê a entrevista você pode ouvir o mix Freqüência Maravilha, feito por ele exclusivamente pro DNB Online, disponível na seção DJ Set.
DNBOL: Quando começou sua inserção na cultura dubstep?
Belluomini: Já faz um bom tempo, desde 2003 mais ou menos. É uma cena relativamente nova, uma evolução do UK garage.
DNBOL: O que você curtia antes de começar a ouvir o estilo?
Belluomini: Comecei tocando drum'n bass, venho do jungle. Antes disso, nos anos 90, estava inserido na cena hardcore e punk rock.
DNBOL: Você já tocou em várias festas. Como o publico que não conhece o estilo costuma reagir aos BPMs baixos de seu set?
Belluomini: Na Subgrave, que rola no sound system monstro do D-Edge, a galera curtiu bastante. Havia várias pessoas lá, alguns conhecidos, outros não. Na verdade, "velocidade" é um mito. A sensação de velocidade pode ser alcançada em qualquer BPM, depende de como você organiza os elementos percussivos. Sejam eles peças de bateria ou synths.
DNBOL: Então o dubstep tem funcionado bem nas pistas brasileiras?
Belluomini: Isso a gente quer comprovar na prática com mais datas para tocar.
DNBOL: No Brasil o dubstep ainda é pouco difundido, parte da cena drum´n bass ainda não o digere bem. Basicamente, qual o público que comparece nas festas? Existe um estilo em comum entre o público ou dá de tudo?
Belluomini: A gente toca em festas bem diferentes. A Technolabels, por exemplo, que rolou no Galpão Manufatura, tinha muita gente que curte techno. A Pi, que rolou no Studio SP, tinha muita gente que curte Minimal.
A verdade é que o Dubstep ainda é muito versátil. Hoje em dia os produtores bem estabelecidos conquistaram espaço com muita identidade. Os caras do Vex'd são mais experimentais, o Skream é super pop, o Digital Mystikz é puro dub e reggae, o D1 está demonstrando interesse pelo Soul, e por aí vai.
Há um pessoal no drum'n bass que também demonstra interesse e, até onde sei, curtem ambos os estilos com a mesma paixão. O grave cativa muita gente, principalmente quem tem um pé no jungle ou aprecia produção atual que tem grave como foco na construção do som. O Andy mesmo curte muito Skream e Scuba, dois produtores de dubstep bem legais.
Arrisco dizer que hoje em dia quem curte dubstep sabe muito bem o que quer e não engole qualquer coisa. Tem opinião formada...
DNBOL: Muita gente diz que o dubstep é a evolução do drum´n bass. Você acredita que essa evolução possa acontecer como aconteceu quando o drum´n bass surgiu e abafou o jungle?
Belluomini: Não concordo, penso o seguinte: O dubstep veio do UK garage, que sempre acompanhou o jungle e o drum'n bass. Na verdade, o dubstep foi uma evolução do UK garage mais paranóico, o chamado dark garage. Então, acredito que dubstep e drum'n bass são coisas paralelas. É verdade que alguns produtores bem experientes na cena DNB estão fazendo dubstep hoje, mas não acho que uma coisa vá anular a outra. House existe até hoje e as pessoas ainda curtem, existe um convívio com outros gêneros.
DNBOL: Sei que você produz e o faz bem. Conte há quanto tempo e quais programas costuma usar em suas tracks.
Belluomini: Estou envolvido com produção desde 2000, mas acho que só agora consegui amadurecer nesse sentido e ainda acho que tenho muito pela frente. Tenho muito que experimentar, uso softwares simples, o bom e velho Audacity e samples livres. Apenas o básico.
DNBOL: No dubstep o uso do vinyl parece estar intacto, é raro ver DJs usando CD. Como você encara essa conservação?
Belluomini: A cena é pequena, embora o hype seja grande. Isso é fato. Com a influência direta da cultura dos sound systems, do dub, do reggae e a cultura local de Londres de cortar dubplates, é natural que o dubstep tenha muitos DJs tocando vinil. Quem toca CD, muitas vezes não tem relação nenhuma com a cena que pretende fazer parte. O Jason no Transition é um mestre em conseguir grave monstro, isso valoriza o dubplate também.
DNBOL: Desculpe, mas não conheço o Jason, quem é?
Belluomini: Também não conheço o Jason pessoalmente, mas é o nome do engenheiro de som que faz a masterização de todos bons lançamentos da cena. O cara é uma lenda viva, se você ver o nome Transition cavado no vinyl pode apostar que é peso pesado.
DNBOL: Ultimamente alguns DJs mais conceituais de drum’n bass têm encaixado alguns dubsteps em seus sets. Você costuma misturar outros estilos?
Belluomini: Claro! Quem ouve o Tranquera sabe. Ultimamente tenho tocado muito techno e minimal de uma forma geral nos sets.
DNBOL: E na pista a receptividade é boa?
Belluomini: Posso garantir que em Viena, nossa última apresentação, o pessoal curtiu bastante. Pelo feedback que tenho dos ouvintes do Tranquera também. É importante dizer que os ouvintes do Tranquera também sugerem sons, Shackleton e Appleblim são sempre citados.
DNBOL: E me fale sobre as novidades, há previsão de festas de dubstep em São Paulo? Como vão os projetos?
Belluomini: Nesse exato momento estou dedicando boa parte do tempo à produção. Existem remixes para o Digital Dubs, do Rio de Janeiro, algumas coisas com pegada techno também.
Sobre as festas, a gente pretende fazer a próxima Tranquera em breve. A maior dificuldade é achar um bom sound system para as pessoas poderem sentir o que é grave de verdade.
DNBOL: É isso aí! Algo a acrescentar?
Belluomini: Se liga na freqüência maravilha!»
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