[DISCO] Silent Poets “Sun”
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Passados seis anos sobre o lançamento de “To Come”, os Silent Poets mostram “Sun”. Este disco desvenda o que se pensa, à partida, ser o que poderá ser o som de uma poesia silenciosa: Melodias poderosas - mas contidas - elegantes e temperadas com orquestrações emotivas assentes numa base sólida atmosférica e de R&B. Tudo junto e com experimentações dub e electrónicas, Michiharu Shimoda e restantes participantes, navegam pelos mares do hip-hop abstracto.
As participações de Shawn Lee e DJ Yellow acondicionam o trabalho final de “Sun” com a co-produção deste DJ, fortemente ligado ao Funk/Soul e ao Jazz e a voz de Shawn Lee, um homem do Funk e outros territórios sonoros variados (a sua “Hapiness” prova isso com inúmeras inclusões em compilações). Os arranjos de cordas (presentes um pouco por todo o disco) ficaram a cargo de Everton Nelson que já trabalhou com The Orb, 4hero, Ryuichi Sakamoto e Bjork) entre outros.
A viagem inicia-se com uma pequena introdução e “Dumb girl” aparece-nos como um exercício R&B que fornece direcções e preciosas informações sobre o terreno onde nos encontramos: Um espaço rico em instrumentações sensíveis gerado pelas cordas. “Future”, totalmente instrumental fortalecida com efeitos sonoros (risos de crianças) está em oposição a "Next Episode" que será o tema mais obscuro deste trabalho. Nesta altura, "Man On The Street", quinta faixa de “Sun” aparece. Um tema enorme com uma voz poderosa mas controlada de Shawn Lee onde desfia os problemas do Homem entre homens. Delicada, mas forte, "Man On The Street", mostra o bom e simples R&B que apetece ouvir ao pé da janela a ouvir a chuva com uma chávena de uma qualquer bebida quente. O dub está presente em “Sun” em "From Earthling" e em outra grande faixa do disco: "Rock Star" onde se canta “Last night I was a rock star, young girls screaming at my feat. Today I’m not a rock star and no one even heres my grief.” Uma parte da imprensa apontava a uma ligação deste disco ao trip-hop dos Massive Attack; "Sleeping Tiger", nona faixa poderá ser culpada deste ligação pela veia atmosférica unida ao downtempo. O tema que baptiza o disco fecha-o. “Sun” é capaz de ser o melhor instrumental do disco com velocidade perfeita e intensidade e alma crescentes com descomplicação, mas rica e gentil.
Michiharu Shimoda fez um excelente disco com audição necessária em clima e ambiente calmo para se desfrutar da riqueza dos arranjos e da emotividade que eles nos proporcionam. “Sun” ouvir-se-à perfeitamente num dia introspectivo onde a chuva nos faça companhia.
+info:
» O disco
[Silent Poets – Sun ACCR-10043 2005]