Comecemos pelo início: Foley Room é o local onde são captados e realizados os efeitos sonoros para os filmes e se estes são essenciais para encher o filme de “realidade” mas não são a banda sonora da película, o mesmo não se pode dizer do disco “The Foley Room” de Amon Tobin. Esta “sala” não só é composta por uma miríade de efeitos sonoros como se deita em fantásticas melodias.
De facto, Amon Tobin (nascido no Rio de Janeiro com a graça de Amon Adonai Santos de Araújo Tobin), juntamente com uma equipa de assistentes saiu à rua e gravou o que lhe pareceu à frente coadjuvado com microfones de alta sensibilidade. Sons de motos, animais, vizinhos a cantar, etc., tudo serviu para construir este disco. Desse ponto ao rendilhado sonoro que ouvimos em “The Foley Room” interpôs-se o trabalho de estúdio: “There's nothing new about field recordings of course. It's obviously been the traditional source material in sampling since the early days, so I'm really going “back to school” on this one”, afirma Amon Tobin.
Nos doze temas de “The Foley Room” mostram-se camadas que não se misturam, antes permanecem paralelas ao longo do fio cronológico que Tobin impôs a cada faixa. Essas camadas, ou o conjunto delas, são “a” música. No entanto, e nunca esperando uma obra simplista de Tobin, cada ingrediente não é único: Uma sandwich com vários tipos de ingredientes que só se misturam no palato/ouvido em tempos diferentes devido à polirritmia com que Amon Tobin trabalha desde há muito e que acaba por ser uma das suas imagens de marca.
Visto que se falou em banda sonora, será interessante fazer exercício de a ligar a um suposto filme; “The Foley Room” seria uma película de suspense, um thriller fantasmagórico onde os teclados aterradores e sujos nos deixariam desconfortáveis aquando da visão de uma mansão decrépita e abandonada e enquadrada num céu escuro e chuvoso. Os seus dignos inquilinos – fantasmas ou personagens paranormais – bailariam ao som esquizofrénico e tortuoso a que Tobin nos submete. “Bloodstone”, faixa inaugural, é um exemplo, bem como em “The Killer's Vanilla” e, para encerrar “At The End Of The Day”. O labor mais rendilhado mostrando o trabalho de ourivesaria atrás dito pode ser ouvido em “Keep Your Distance”, “Foley Room” e “Esther's” onde uma mota irrompe de uma turba sonora.
Tudo serve para fazer música neste “The Foley Room” e o talento confere harmonia e genialidade a quem arrisca assim.
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