[disco] Arcana "Le Serpent Rouge"
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Após 10 anos dedicados ao som mais medieval, fantasmagórico e, ao mesmo tempo, romântico, os Suecos “Arcana” decidiram, em 2004, seguir caminhos diferentes – os caminhos do oriente em “Le Serpent Rouge”.
Peter Bjärgö, fundador da banda e único membro original da banda, parece ter deixado de ser assombrado pela “imagem” da idade-média, passando com classe e distinção para um patamar bem mais próximo da mais lógica fonte de inspiração – os míticos Dead Can Dance. Sons etéreos, atmosféricos mas, por vezes tenebrosos, muito por culpa da percussão intensa e cavernosa.
Não que seja esta a ideia que fique após a primeira faixa do disco, “In Search of the Divine” – algo como um intro de sentimento algo invertido e demoníaco, porque de divino pouco parece ter.
De qualquer modo, a “cicatriz” do disco surge – para mim – e fica para sempre com a faixa que dá nome ao álbum, “Le Serpent Rouge”. Música deliciosa, que caracteriza muito bem a mudança anunciada para a zona mais a este. Harmoniosa mas medonha, impede-me desde logo um possível torcer de nariz a esta nova sonoridade. Antes pelo contrário. Significa, sem dúvida, um portão escancarado para o novo reino da banda que tão bem parece já governar.
Com calma, mas sempre cadenciados, os sons embriagantes e atmosféricos prosseguem ao longo do disco, levando-nos sempre a zonas ainda assustadoras e, certamente, povoadas por espíritos horrorosos, ainda que sedutores. “Cathar”, “Amber”, “Seductive Flame”, “Serpents Dance”, são bons exemplos que nos levam a “The Passage” para a zona mais que mais vinga – “The Nemesis”.
Este disco será, com certeza, a maior surpresa que já tive com os Arcana. E uma surpresa muito agradável, diga-se. Não que prefira totalmente a nova sonoridade... e não que não tenha saudades das características mais deprimentes, medievais e doentias dos tempos idos, no entanto, o disco fala por si só, e a mim a serpente fez chegar o seu irresistível veneno.
Site oficial: http://www.erebusodora.net/arcana
Em mp3, a 2ª faixa do álbum (vale bem a pena): Le Serpent Rouge