Carta de demissão
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Venho por este meio informar os restantes companheiros de redacção que não poderei continuar com os meus serviços nesta casa. Após um ano de actividades, que penso terem sido proveitosas e que muito me orgulho me deram e dão, sinto ser o momento de deixar o OTITES, pois não posso deixar de me sentir injustiçado.
Apresento então as minhas razões.
No final de Setembro, fiquei comissionado de ir até à ilha do Pico fazer uma reportagem sobre os cantares polifónicos daquela região, da sua riqueza e da sua semelhança com o onírico canto das baleias.
Trabalho feito, com conclusões espantosas e surpreendentes e ao me aprontar para o publicar por aqui, a redacção do OTITES, informa-me que as despesas que contraí em viagens, alojamento, alimentação e afins teria de ser suportada pela minha pessoa visto que meus queridos colegas tinham esturrado todo o orçamento numa noite de perdição motivada por algo que nem eles se lembram.
Fiquei portanto encalhado em solo açoriano sem ter maneira de regressar e onde tive de arranjar outra ocupação para pagar as dívidas entretanto contraídas.
Sinto portanto que os meus tempos de OTITES chegaram assim ao fim. Sem mágoa, mas a 1500 kms de casa e com meio Atlântico pelo meio.
Agradeço de viva voz aos meus colegas de redacção, a todos os leitores que passaram por meus textos e mais ainda àqueles que os comentaram e às strippers que ficaram com o dinheiro que pagaria meu regresso ao continente.
Atenciosamente, perdido em Porto Pim.
P.S. Na marina de Faial, uma figura que não posso deixar de mostrar por aqui e sobre a qual escrevi com imenso gosto.