[DISCO:crítica] Mylo "Destroy Rock n' Roll"
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“Destroy Rock n´Roll” não é um disco novo, aliás data do ano passado, mas continua fresco. O espectáculo oferecido por Mylo (Miles McIness) no Festival Sudoeste é o mote para esta crítica merecida a um disco que foi, unanimemente considerado um dos melhores de 2004, incluindo no NME, Q e pela Mixmag, entre outras publicações. O Otites não fica atrás e faz a sua apreciação.
A colagem imediata da sonoridade Mylo aos Royksopp (Miles considera "Melody AM", um “disco perfeito”) ou aos Basement Jaxx não é descabida, aliás, uma das suas influências assumidas são a banda escandinava, não só pelas aproximações electrónicas mais pop, como pelo som macio cruzado com a dança. Pouco destas ligações podem ser observadas nos singles mais conhecidos do público “Drop the pressure” e “In my arms”, mais ligados a uma cultura de música de dança com laivos de sonoridades dos anos 80, vulgo “electroclash”.
Munido apenas de um Apple G4 e com a ajuda de software como o Pro Tools Free e o Absynth (ambos gratuitos), Miles McIness, faz-se deslocar num universo de pop dançável (“Musclecar Reform Reprise”, “Drop the pressure”, “Rikki” e “In my arms”) com algumas incursões pelo downtempo (“Need You Tonite” e “Emotion 98.6”) sempre com uma base muito melódica e pouco complicada, embora os filtros condimentem muito as faixas durante os quase 70 minutos do albúm.
Como disse, “Destroy Rock n´Roll” é um disco fresco, não só pela harmonia que apresenta durante a extensão de todo o disco como pelas propostas que, não sendo completamente originais, são bem interpretadas fugindo ao deja-vu que o meio da música electrónica tanto tenta evitar. Exemplo disso é a oitava faixa, “Guilty of Love” com um sample de Prince e a faixa homónima do disco que, com um longo discurso sobre os malefícios do rock n’ roll usa pedaços sonoros de guitarras e piano sobre uma componente rítmica crescente. Ainda “Rikki” com um baixo muito “funk” e sintetizador sobre arte de corta e cola de umas palavras indecifráveis é feito com o mesmo molde. “Ottos Journey” também “padece” do bom gosto de Miles McIness para as linhas de baixo, com um baixo muito fluido sobre piano e sintetizador.
“Destroy Rock n´Roll” é, foi e será, um excelente disco de música electrónica e de dança. Nas pistas já se viu o seu efeito (mesmo quando ainda tinha sido lançado como “white label”) e na rádio e televisão também. Só falta na discografia de qualquer um.
[MYLO - Destroy Rock & Roll, Breastfed BF 0007CD, 2005]