[disco] And Also The Trees "Further From the Truth"
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Os britânicos And Also The Trees (AATT) são daqueles poucos grupos da velha guarda que têm uma história tão extensa, distinta, marcante e com força suficiente para chegar, em forma, aos dias de hoje. Surgiram em 1979 e contam com 10 discos de estúdio editados, incluindo o último de originais “Further From the Truth”, já de 2003.
Não sou, nem de perto (nem aspiro ainda a ser – é um processo que levará muito tempo e dedicação, que não posso dispensar presentemente), um especialista sobre a banda (de culto, que não haja qualquer dúvida), e os motivos que me levam a escrever sobre ela aqui são, neste momento, única e exclusivamente o turbilhão de emoções que este disco me provocou, aliado também, e é importante, à maneira sensível como mo foi dado a conhecer. Foi um dos discos que me arrasou este Verão (falarei de outros noutra oportunidade).
Segundo as pesquisas que tenho feito, alguns pontos são tão convergentes que se tornam importantes de assinalar: este não é, supostamente, o disco certo para alguém se “iniciar” à banda; é um álbum que surge após 5 anos sem registos, nos quais se especulou sobre o fim dos AATT e traz grandes diferenças relativamente aos trabalhos anteriores.
“Further From the Truth” é um disco extremamente subtil, em que somos arrastados numa espécie de ritmo com altos e baixos nervosos, como se de ondas do oceano se tratasse. Mas não se apoquentem os que costumam enjoar no alto mar: a sequência é tão nervosa e sombria, que a haver espaço para náuseas será mais por motivos poéticos e românticos, que em casos extremos pode levar a isso mesmo.
Embora com detalhes completamente doentios, acaba por ser um álbum calmo e nostálgico, apenas perturbado por alguns rasgos mais vigorosos e neuróticos da guitarra, embalada pelo baixo ritmado, bateria (muitas vezes) fantasmagórica e uma voz quase sempre aflita. Que outra mistura nos poderá arrastar tão cá para baixo numa suavidade atmosférica própria de uma preciosidade difícil de atingir?
Parece exagero, e até pode não entrar à primeira (tal é a subtileza emocionante), mas quando se foge de faixas como “The man who ran away”, ou se entra em “In my house”, se chora “The willow”, nos libertamos de “The untangled man” e, acima de tudo, quando ficamos sem resposta em “The reply”, percebemos que muito pouco haverá acrescentar a esta obra soberba e muito muito aconselhável.
É muito importante saber que... um pouco só deste feitiço pode envenenar-nos irremediavelmente. Eu, pelo menos, sinto-o como nunca a percorrer as minhas veias.
Site oficial de AATT: http://www.andalsothetrees.co.uk/