[disco] Garden of Delight "Lutherion I"
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Quando se fala em Garden of Delight não se pode só falar em música mas também, obrigatoriamente, numa espécie de doutrina. Ao longo do tempo esta banda alemã, que surgiu em 1991, habituou-nos a um conceito mágico, baseado nas reflexões de inspiração mitológica do líder (highpriest - ?) Artaud Seth, aliado ao som mais obscuro e epicamente negro (os primeiros discos mostram uma grande influência de bandas como Sisters of Mercy e Fields of the Nephilim, por exemplo).
Após o lançamento da trilogia Apocryphal (Apocryphal I: The Fallen; Apocryphal II: The Faithful; Apocryphal Moments), que obteve grande sucesso (diga-se que, principalmente o Apocryphal II, tem alguns registos clássicos e marcantes - muito bom) ente fãs e críticos, seria difícil produzir algo de semelhante dimensão.
A resposta, no entanto, esteve muito à altura com aquilo a que podemos chamar um novo projecto intitulado “Lutherion”. Lutherion I foi lançado já este ano e marca desde já uma mudança muito vincada (quase radical) na musicalidade a que estamos habituados. Trata-se de uma aposta muito mais pesada, industrial até, a fazer lembrar a fórmula usada pelos Rammstein, que retira espaço, praticamente na totalidade, ao rock gótico que sempre vinha associado à banda. A crítica tem sido surpreendentemente favorável, nitidamente rendida ao primeiro impacto profundo que este disco provoca (é impressionante!).
Com uma boa musicalidade (verdadeiramente fantasmagórica), o álbum flui com grande naturalidade provando ser equilibrado e consistente. É extremamente poderoso, pesado e negro, podendo fazer as delícias dos amantes do género. Para estes, podemos até falar em obra-prima, apresentada numa digipack luxuosa com um 2º CD que inclui remisturas e versões (e que estranha versão de Alice, de Sisters of Mercy). Com faixas magnificamente majestosas, das quais destaco forçosamente “Stigmata”, “Bleak Horizon” e “Black Mass”, temos um álbum demoníaco e arrebatador desde as primeiras audições.
Apesar disto tudo, sou da opinião que esta mudança de sonoridade veio afastar os Garden of Delight da lenda que têm vindo a construir (e a destruir aos poucos também; afinal de contas, ao início, este seria um projecto que completaria um ciclo com a edição do sétimo disco, coisa que acabou por não acontecer). Prefiro sinceramente os discos anteriores e a sonoridade característica de uma banda negra e de imagem, tanta gente diz, Lovecraftiana. Não deixa, porém, de ser importante ouvir esta nova proposta, porque marca uma viragem muito demarcada no som de Garden of Delight.
Existem alguns trechos de algumas destas músicas para download (.mp3) no site oficial da banda. Fica aqui o link directo para "Stigmata", "Bleak Horizon", "Black Mass", "Confession", "Necronaut" e "Redemptoris Mater". Dão uma boa ideia do que representa o álbum.
Site oficial: http://www.garden-of-delight.com