[disco] Autumn "The Hating Tree"
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Dentro da sonoridade mais negra, etérea, sombria e gótica este ainda é o meu disco favorito.
“The Hating Tree” foi o álbum de estreia dos americanos “Autumn”, lançado em 1997, e foi produzido por William Faith (Faith & The Muse) – o que por si só já é um grande trunfo.
Se aliarmos as guitarras mais estridentes e sofridas (Neil McKay) com as linhas de baixo mais profundas (Jeff Leda), e se a isto juntarmos as letras mais emotivas, poéticas e tantas vezes doentias cantadas pela excelente voz de Julie Plante (ficando praticamente só a sobrar a caixa de ritmo – que ainda assim é responsável por boa parte do poder deste disco), então temos aquilo que eu habitualmente procuro na música.
É como que uma viagem pela mente da vocalista, acompanhada com momentos absolutamente arrepiantes e quase insuportáveis, como num esgar de dor e desespero. Quase sempre galopante, somos levados acima e abaixo e a vertigem toma conta de quem ouve este disco. “How it came to be this way” é uma óptima pergunta para começar o disco, porque tudo fica contextualizado e prossegue neste tipo de violência emocional que acaba por nos envolver. “Even now” pode ser encarado como uma questão de libertação que nunca acontece... e seguem sensações vibrantes pela nossa coluna. “Oceans” é um mar de calmaria... um pequeno descanso, embora triste, que nos prepara para aquilo que eu acho dos melhores momentos alguma vez registados em faixas sonoras.
A sequência “The Well”, “Atrophy” e “Seconds” é a experiência mais possuidora, doentia, soturna e, ao mesmo tempo, apaixonante que já ouvi. A intensidade destas três músicas é completamente inexplicável, tal a força que emanam. Será mesmo como descer ao poço mais profundo, sentir todos os detalhes da própria atrofia e definhamento, e acabar a contar os eternos segundos que nos levem ao alívio final. Acho mesmo, até, que nunca mais uma sequência tão poderosa poderá vir a ser concebida de tão hipnotizante, premeditada e massiva que é... e tenho a certeza que, ao fim ao cabo, é uma sequência que me faz achar este disco o melhor que já ouvi dentro do género. Não há palavras, sinceramente... e é sempre difícil descrever com justiça um disco que achamos um dos nossos favoritos de todos os tempos. Excelente, angustiante e viciante a todos os níveis.
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