[banda] The Temple: o que é nacional pode ser mesmo muito bom.
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Em 1997 chegou-me às mãos um surpreendente e espectacular “The Angel, The Demon & The Machine”, o primeiro álbum dos “The Temple”, que “encaixei” perfeitamente numa altura em que estava sobretudo habituado a um som pesado, mas com nexo e atitude enérgica. Extremamente agressivo, cru, altamente criativo e com toda a certeza fruto de uma genuinidade sentida, tornou-se num disco que passou no meu leitor com muita frequência.
No entanto, e todos nós sabemos como é difícil singrar em Portugal com um projecto tão directo e alternativo sem antes singrar no estrangeiro (como eles próprios referem), cheguei a pensar que os “The Temple” se tornariam em mais uma daquelas bandas que nunca passariam da promessa por falta de um merecido reconhecimento e oportunidade. Mas também é preciso referir que as oportunidades procuram-se e, com trabalho dedicado e planeado, o reconhecimento tende a surgir. E foi mesmo isso que aconteceu aos “The Temple”, que apesar dos anos que passaram não estiveram parados, preparando o caminho que queriam percorrer.
E terá sido com esta feliz premeditação que o recente “Diesel Dog Sound” (2004) foi preparado e construído. As críticas, nacionais e internacionais, falam por si, e tenho a certeza que não é por acaso que lemos várias vezes que este será dos melhores discos de heavy-metal alguma vez feito por portugueses. Com a mesma energia e atitude dos seus primeiros anos enquanto banda, a genuinidade foi multiplicada pela sua maturidade e pelo produtor escolhido, que fez um trabalho espantoso, muito embora a “matéria-prima” seja a grande responsável pelos resultados finais bem espelhados neste trabalho gravado em Londres.
As participações especiais de Fernando Ribeiro (Moonspell), Zé Pedro (Xutos & Pontapés) e Ricardo Pereira (acordeonista) são uma agradável surpresa que fazem parte do conceito que os “The Temple” criaram, resultando bem e mantendo, mesmo assim, a consistência.
Existem algumas diferenças entre este último e o primeiro disco, principalmente porque este “Diesel Dog Sound” é, na minha opinião, muito mais explicitamente heavy-metal, muito devido certamente a um registo vocal algo diferente.
Eu confesso que não sou grande apreciador da vertente heavy-metal, no entanto os “The Temple” são diferentes, especialmente pela sua criatividade muito acima da média (a nível internacional), consistência dos conceitos, energia e genuinidade.
Há musica pesada muito boa a ser feita em Portugal, e os “The Temple” são um perfeito exemplo disso mesmo. Esperemos que a trajectória ascendente da sua carreira se mantenha com níveis de qualidade tão elevados e que lhes seja dispensada a atenção que merecem.
Toda a informação no site oficial dos “The Temple” (com possibilidade de alguns downloads) em http://www.thetemple.com.pt