[DISCO] Daddy G "DJ Kicks"
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A série DJ Kicks, da K7, conta com muitos e grandes nomes da música de dança (seja isso o que fôr), entre os quais Stereo MC’s, Trüby Trio, Nicollette, Kruder & Dorfmeister, Nightmares On Wax entre muitos ouros. Chegou a vez de Daddy G (Grant Marshall), mais conhecido como a outra metade dos Massive Attack (MA).
Podemos considerar, desde já, o historial de Daddy G como decisivo no convite para este disco visto que foi o seu papel na construção do género trip-hop que deu lugar à existência dos MA, Portishead, Smith & Mighty e Tricky entre outros nomes.
Este disco começa com uma gravação de Philip Levi & Tipper Irie a dar o mote para os 71 minutos seguintes, cheios de reggea, dub, funk, rocksteady e downtempo. O “flavour” jamaica está presente na maior parte do CD, o que só corrobora a escola musical de Daddy G. Willie Williams, em “Armagideon Time” faz o discurso político que se impunha e Melaaz com “Non Non Non” (mais conhecida na sua versão anglo-saxónica) abre a porta a uns minutos mais relaxados e sensuais visto que Tricky em “Aftermath” se apresentam a seguir numa versão rara, muito despida, mas com sonoridades sujas típicas deste músico. Novo interlúdio funk com “Just kissed my baby” dos Meters e as baterias apontam para três faixas made in MA com duas misturas de algum sucesso: “Mustt Mustt (MA Remix)” de Nusrat Fateh Ali Khan (que alguns consideraram um atentado à faixa original, mas nunca deixará de ser a mistura que Daddy G mais gostou de fazer) e “Face A La Mer (MA Remix)”. Tons ambientais e étnicos dão mais substãncia ao disco, tornando-o ainda mais global. De seguida, uma mistura de “Karmacoma”, a Napoli Trip, a mais bem conseguida (na minha opinião) desta música. Assenta bem aqui, a manter o tal cariz universalista. 4 faixas de dub, reggea de hip-hop, Johnny Osbourne com “Budy Bye” e os Badmarsh & Shri em “Signs” (revisitados pelos Dubplate), são exemplos disso. Chegamos a um momento mais electrónico do disco com duas agradáveis supresas: Os Leftfield com “Inspection/Check One” (do lendário “Leftism”) misturam-se com "I Against I" dos MA e Mos Def, faixa futurista, agressiva na letra, nem por isso na melodia, mas sempre um grande tema dos Massive que apenas foi editado na banda sonora de Blade 2; Aqui pensamos que valeu a pena a compra do disco: ecletismo q.b., mas sem enganos. Para acabar, em jeito e conclusão para que nada fique mal-entendido, Aretha Franklin com "Rock Steady (Danny Krivit edit)" e a melhor mistura do colectivo de Bristol por Paul Oakenfold para o sempre hino urbano "Unfinished Sympathy".
Enquanto muitos DJ’s aproveitam esta série para mostrar pérolas musicais desconhecidas outros optam simplesmente tocar sucessos intemporais. Daddy G pertence ao segundo grupo dando a entender que as raízes não são para se esquecer. Além disso coloca as capacidades técnicas de lado (as misturas são despojadamente simples) para enfatizar as músicas.
Uma linha que está a tomar conta da série DJ Kicks, e que não vejo volta a dar, é o facto de se aproveitar para, diminuindo os custos de licenças de músicas, mostrar sonoridades da banda/artista convidado a fazer o disco. Com Trüby Trio passou-se o mesmo e aqui em 17 faixas, 5 têm origem nos MA. Será bom?
[Daddy G "DJ Kicks”, !K7170CD - !K7, 2005]
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