[concerto] Vive La Fête em Lisboa e Sesimbra
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É incrível como é difícil escrever um texto sobre os concertos de Vive La Fête (de quem já falámos aqui e aqui) que assisti em Lisboa (Santiago Alquimista) e Sesimbra (Grémio ao vivo).
Esperar horas para os ver subir ao palco torna-se uma coisa sem importância quando se esteve com eles em mini-sessão de autógrafos e fotografias numa esplanada de Lisboa, e quando depois se recebe o que têm para oferecer.
A ansiedade e incerteza quanto ao espectáculo rapidamente têm a tensão aliviada quando se ouve no walkie-talkie de um segurança “*crshhh* – uma garrafa de vodka e de whiskey para o backstage – *crshh*”. Não havia dúvida: a festa estava aí.
O novo baterista Jan D'Hooghe (que, embora nervoso, foi posto à vontade) subiu acompanhado do teclista Marc Requilé que se transforma de cabeludo electro-punk em careca rapado. Danny Mommens (guitarra e voz) traz a energia e loucura, equilibrada com a sobriedade do baixista Ben Brunin. Tudo é bom e divertido... até que... a vocalista Els Pynoo sobe ao palco e tudo se transforma.
É indescritível. É completamente impossível descrever a frieza quase rotineira com que ela aparece e simplesmente arrasa tudo e todos numa demonstração arrepiante de poder, sensualidade e, atrevo-me, superioridade. Todos hipnotizados e sob o efeito deste inultrapassável feitiço que insiste em lançar-nos. Incluindo a banda. Está tudo incrédulo, a seguir atentamente o percurso dos cabelos dourados que embatem nela própria enquanto se vira de um lado para o outro. Mais um berro mimado e sexy, e mais um movimento de cintura impossível enquanto os pés descalços se mantêm “em pontas”.
Esta é a força dos Vive La Fête em palco, criando-se uma atmosfera de transe em que todos são envolvidos num esquema premeditadamente orquestrado para os deixar em êxtase e loucura, enquanto se pula e dança ao som do kitch pop mais atrevido e desregrado.
Uma sorte termos podido ver a festa total em Lisboa, com um público à altura que nem se importou da fraca qualidade do som; tal como a loucura em Sesimbra, com um som muito melhor.
Foi usada a playlist mais óbvia e próxima do que é costume, com passagens por clássicos como “Nuit Blanche” (público a cantar em uníssono), a altamente sexual “Mon Dieu”, a histérica e poderosa “Noir Désir” (que continua a ser bem melhor na versão de estúdio), a recente e arrasadora “Schwarzkopf”, tempo ainda para “Maquillage” e “Tokyo”, ente outras, passando pelas excelentes novas músicas “Hot Shot” e “La Vérité” (um verdadeiro espectáculo!). A acabar a já habitual cover “Fade to Gray”.
Uma grandiosa festa (em que todos participam - e já é um must subirem ao palco pelo menos duas pessoas para tocar guitarra e berrar ao microfone), numa incrível demonstração de sensualidade.
Sou um grande fã e esta é, para mim, a grande banda do momento. A reforçar isso estará o excelente álbum (Grand Prix) que sairá a 9 de Maio (que já se pode ir ouvindo alegures na internet) do qual falaremos oportunamente.
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