[Disco] Fischerspooner "Odyssey"
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Os caminhos de Casey Spooner & Warren Fischer (daí o nome Fischerspooner) cruzaram-se na School of the Art Institute of Chicago nos anos 90.
Assentando arraias em Nova Iorque e na sua comunidade underground, os seus shows começaram a chamar a atenção pelo seu elaborado lado cénico, mistura de kitcsh e avant-garde. O que por lá se ouvia era um electroclash (aliás foi a eles que o rótulo seria mais vinculado) que viria a atravessar o Atlântico.
Entre a edição e a re-edição do seu primeiro álbum "#1", tiveram relativo sucesso, sendo as suas actuações sempre motivo de grande interesse (chegariam a passar por Portugal).
Estando agora o hype electroclash remetido a lembrança obscurecida pelas substâncias psicotrópicas por lá tomadas, o que se passará com os Fischerspooner?
Este novo "Odyssey" é o que se passa. Disco realizado com uma intenção distinta do anterior, mostra-se assim concebido para ser um álbum homogénio e coerente e não a explosão de pastilhas que era o anterior. Mas onde se ganha em unidade perde-se em esponteiniedade. Esmiucemos.
Houve decerto neste "Odyssey" uma reflexão cuidada tendo em conta onde levar o som da banda. E a opção foi por cuidá-lo, adicionar-lhe instrumentos, fazer canções, dar um corpo ao trabalho onde elas fizessem sentido. Nesse aspecto, objectivo conseguido. No entanto, o que eu gostava de ouvir nos Fischerspooner era a atitude "não me interessa", de rebentar uma canção em três minutos e a seguinte em menos. Por outras palavras, era o punk no electro. Portanto agora quando oiço uma canção política como "We need a War", esta não me soa nada bem.
O disco até arranca muito bem com o single "Just let go", que lembra o anterior disco. E verdade seja dita, à excepção da já referida "We need a War", não existe canção que não seja boa. Para princípio de uma noite que se espera agitada, ouvir este disco na sua versão integral parece-me uma óptima escolha. Mas os tempos dessa mesma noite com os Fischerspooner parecem aqui distantes. Talvez seja quem escreve que não quer deixar tempos mais novos...
... Referências aos convidados, em particular à falecida Susan Sontag (de novo a referência a "We need a War"), mas igualmente a David Byrne, Linda Perry (bem distante do seu trabalho habitual) e a Mirwais entre outros. Parece que o produtor francês teve um papel importante no ambiente algo tenso que rodeou a feitura deste álbum. Ao que li, a pressão auto imposta levou a acesas discussões, ficando a direcção a tomar por vezes perdida.
Mas direcção é o que não falta ao resultado final deste trabalho. E talvez seja essa direcção que me leva a preferir o trabalho anterior da banda.
Sítio oficial dos Fischerspooner