quinta-feira, março 31, 2005

[Concerto] Dead Can Dance em Barcelona

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Motivos de força maior levaram metade da redacção do OTITES a deslocar-se a Barcelona. A reunião e consequente tour dos Dead Can Dance, deu origem a um vazio nos nossos escritórios apenas comparável ao vazio que aqueles que não se puderam deslocar à cidade condal sentiram na alma.
O dia, 22 de Maio do presente ano.
O local, o excelente Auditório de Barcelona.
O que lá se passou, segue aqui em baixo na visão de Serebelo, Kid Cavaquinho e Escrito.
A redacção do OTITES pede a compreensão dos leitores pela óbvia falta de objectividade que os próximos textos terão. É que é completamente impossível ser objectivo quando se escreve sobre o que lá se passou.



» Por Serebelo

Os primeiros sons de “Nierika” despertaram-me para a realidade. Estava de facto ali, a ver e a ouvir os DCD. A excitação até aí presente deu lugar a um estado de alerta, estado esse que me permitisse realmente aperceber o que acontecia, e não o que muitas vezes imaginei.
Para essa mudança de estado de espírito muito contribuiu o som das primeiras músicas. Este não estava conforme a excelência da banda em causa. Lembro-me que as três primeiras músicas tinham um som que eu apelidaria de péssimo, mas isto tendo em conta que estávamos a ouvir os DCD e numa sala com a superior qualidade do Auditório. O grau de exigência roça portanto a perfeição. Menos que isso não seria próprio.
Talvez o problema fosse da sobrelevação da plateia em que me encontrava, mas rapidamente o som melhorou consideravelmente. Apenas um problema com a voz de Brendan Perry, me condicionava o prazer (soube depois que a voz deste, tinha de facto alguns problemas). Quando chegava a altura de Lisa Gerard cantar a solo, tudo melhorava e na fase inicial do concerto era sem dúvida ela que brilhava. Os seus solos eram de uma beleza inexcedível. Alguns novos foram tocados, os quais o nome obviamente me escapa, mas os quais não fogem muito ao que nos habituou nos seus mais recentes trabalhos.
Aliás, algo que agradavelmente me surpreendeu foi a quantidade novos temas tocados. Grandes expectativas para um novo álbum que se avizinha. Esperemos.
Mas enquanto ia pensando nestas e noutras coisas, o som finalmente melhorou. A partir do dítptico “I Can Seen Now”, “American Girl”, estava de facto irrepreensível. E a constatação de que este era um dos melhores concertos que tive o prazer de assistir, era agora ponto assente.
O alinhamento seguia agora uma estrutura similar ao fabuloso “Toward the Within”. Cada música era uma dádiva e nos breves momentos em que me lembrei que haviam outras pessoas para além de mim e da banda, era visível a plena satisfação de todos. Nos sons iniciais de cada tema era audível o coro de suspiros que não se evitava quando se reconhecia algo como, “The Wind That Shakes the Barley”, How Fortunate the Man With None”, Lotus Eaters (em versão acelerada, excelente) e o sublime, soberbo, perfeito, “Sanvean". Para mim, sem dúvida, o momento do concerto.
Mas como não referir “Yulunga” a abrir o primeiro encore. Suponho que se não houvessem cadeiras, danças haveriam como o sub-título deste tema prenuncia, “The Spirit Dance”. Como não referir todos os temas, todos os momentos, tudo… tentativa sempre pálida.
Só a última música tocada, um momento jazzy protagonizado por Lisa a cantar algo que penso chamar-se “Hymn for the Fallen” valeria por tanto e tanto. Límpido, cristalino como só a voz dela o pode tornar. Puro.


» Por Escrito

Entrar para um concerto e estar nervoso como quem entra para um exame final de maior importância, diz alguma coisa sobre a expectativa que se foi construindo.
Ter o privilégio de receber o que os Dead Can Dance tinham para nos oferecer é inexplicável. Lisa Gerrard, aquando do anúncio desta tour, bem que referiu que este seria um concerto a não perder, e percebe-se bem porquê.
O que nos esperava era, apenas e só, uma viagem pela vida da mítica banda através de algumas das músicas mais marcantes e apreciadas, acompanhadas de alguns registos novos e surpreendentes. Foi nitidamente uma dádiva, que só posso classificar de «divina», que nos foi esplendorosamente oferecida.
Iniciar o concerto com tamanha referência como é "Nierika" foi apenas o que precisávamos para perceber que nos esperava uma extensa série de músicas conhecidas e arrepiantes. E foi mesmo em êxtase que todo o público seguiu com a atenção máxima (e silêncio, diga-se) temas como "Lotus Eaters" (numa versão acelerada muito bem conseguida), "Saltarello" (que surpresa tão boa), "I can see now", "American girl", "Black sun", "Sanvean", "How fortunate the man with none" (em cheio) ou "Severance", entre outras. Nem mesmo os problemas de voz (como mais tarde vim a saber) de Brendan Perry afectaram aquilo que testemunhámos. Assim que cada tema dava entrada sentia-se uma emoção desmesurada de quem precisa de uma nota só para reconhecer a obra que se segue; arrepios e estados de transe seguiam-se em absoluto silêncio e concentração; culminado tudo com ovações estrondosas de puro reconhecimento e agradecimento.
Na memória fica um concerto de uma vida, em que não posso deixar de destacar os momentos da mais absoluta beleza, com "The Ubiquitous Mr Lovegrove" e "Rakim" – inesquecíveis!
De registar uns “saborosos” temas novos que “abriram o apetite” para um álbum novo. Mal posso esperar.
De referir, ainda e finalmente, o tema final em jeito de lullaby que parece chamar-se ("Hymn for the fallen") que acabou por ser uma boa maneira de nos “mandar para a cama”, pois as cerca de 2 horas concerto estavam no fim.
Foi, como não podia deixar de ser, soberbo... excedendo largamente as (já grandes) expectativas, em que só terá faltado talvez a "Cantara" - que todos esperavam ansiosamente.
Os DCD são os melhores do mundo a fazer o que fazem. E foi a melhor coisa do mundo ter visto isso mesmo ao vivo.


» Por Kid Cavaquinho

Leva-se uma semana a cerrar a boca semi aberta de espanto e a desentorpecer os dedos, extremidades em tensão…
O espectáculo foi muito bom e maravilhou o espírito de quem viu pela primeira vez Dead Can Dance (DCD) numa performance ao vivo. O alinhamento das peças musicais ao longo das 2 horas de sacramentalização, foi bastante equilibrado alternando composições mais rítmicas, percursivas com outras mais ricas na filogia lírica com destaque para as interpretações ‘à capella’ ou umas orquestrações melódicas dos teclados. A soberba qualidade dos músicos era previsível, se bem que se podia esperar mais elementos nas cordas e sopros evitando o recurso das plataformas digitais.
O principal centro das atenções surgiu num figurino majestoso victoriano de cor solar transparecendo em toda a sua actuação uma atmosfera de mistério pois, na sua imobilidade ao púlpito, era como um anjo-estátua batesse as asas sem que o público desse conta disso. A fiabilidade, a volumetria e a excelsa capacidade e alcance vocal de Lisa Gerard, confirma-a como a mais enebriante diva da música contemporânea. Não foi por acaso que uma das mais hilariantes tiradas da assitência tenha sido um ‘bamos Lisa, bamos’ onde a senhora soube corresponder. Brendan Perry esteve igualmente em boa forma exceptuando nas duas iniciais intervenções, em que se desenquadrou na voz com Lisa. O autor das letras dos DCD soube em crescendo impôr o seu carisma e liderar a energia em palco, o que contrastava por vezes com a sobriedade de quem assitia.
Uma das surpresas mais agradáveis foi a revisitação do tema renascentista Saltarello, ao qual o público reagiu muito bem. A outra supresa foi uma mão cheia de novos temas que concerteza se encorporarão no novo disco a ser lançado depois da tour de 2005. É de realçar, no meu entender, a primeira dos inéditos que conseguiu aumentar para o dobro as minhas pulsações e também para o encore final preconizado por Lisa Gerard: um blues à sua maneira a fazer valer da versatalidade da voz da cantora. Honras também para a lembrança de uma versão alongada de ‘How fortune the man with none’ com os efeitos dos sinos a serem o ponto fraco de uma grande canção.
Este concerto foi tão especial, que eu não tenho dúvidas que em plena semana da Paixão, Emmanuel Jesús Cristo nao terá por ventura ficado aborrecido por ter escolhido uma data com 2000 e tal anos de avanço para arrecadar com os pecados da Humanidade.
Afinal, pecado é perder o privilégio de assistr a um acto divino como foi o caso do Concerto dos DCD e diga-se de passagem, o Auditori de Barcelona é uma sala estupenda, muito mais confortável e com melhores condições acústicas que o monte do calvário. Mas cada um alcança Deus ou a iluminação como pode.
Para finalizar, faço minha as palabras de dois autênticos catalães no fim do espectáculo.
- Foi escabroso , brutal!
- Mucho obrigada Dead Can Dance!

 

 

 

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