[Info e disco] Fiona Apple "Extraordinary Machine"
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Uma pessoa muito especial na minha vida resolveu um pequeno mistério que me assolava a mente cada vez que punha a tocar um dos dois soberbos álbuns de Fiona Apple: “Tidal” e “When The Pawn...”.
O mistério era simplesmente, o que raio se tinha passado com ela?!? Desde o lançamento do seu último álbum que pouco soube sobre ela e a sua carreira. Ideias sobre um período de reclusão num qualquer mosteiro budista à lá Leonard Cohen, um estágio de meditação num ermitério em Palau, ou simplesmente o desejo de se abster da vida pública, passaram-me pela cabeça. No entanto, o prazer renovado a cada audição dos referidos discos faziam-me sempre desejar por um novo capítulo na obra desta artista.
Quando, então, me chegou às mãos o novo, pensava eu, “Extraordinary Machine”, rejubilei com o esperado prazer que em breve teria ao ouvi-lo. A primeira sensação que tive foi que este seria um álbum retirado das sessões do último “When The Pawn...”, pois era bastante próximo na sonoridade e na produção. Parecia que Fiona tinha ficado retida por volta de 2000 e nada mais se tinha passado na sua vida, nem na sua obra. A desilusão foi logo partilhada e o mistério logo resolvido.
Parece então que este “Extraordinary Machine”, foi finalizado em Maio de 2003, ou seja seguiu-se a “When The Pawn...” do final de 1999. No entanto, a editora Sony chegou à conclusão de que os custos de promoção e distribuição do disco, não seriam compensados pelas esperadas vendas. A falta de um claro single, o carácter menos óbvio das canções, a falta de uma batida hip hop ou guitarras nu-metal e quem sabe a ausência de medidas voluptuosas para pôr numa capa, talvez fossem as razões consideradas para a decisão de não editar tal disco e remetê-lo para uma qualquer caixa, num qualquer armazém.
Para mais pormenores sobre o atrás exposto podem consultar o que se vai passando em www.freefiona.com.
Aqui falaremos então do que está presente em “Extraordinary Machine”, lamentado o facto de este não estar disponível nas lojas, onde seria sem dúvida o seu lugar.
Segue na linha da obra da artista, não sendo de todo um álbum de rotura com o passado. Digo isto pois talvez possa ser apontado que à terceira obra, esta é mais do mesmo. E é, não hajam dúvidas. Talvez existam algumas orquestrações que não existiam outrora, mas o que aqui imperam são as composições doridas, os sentimentos de angústia, a perda e o sentimento implícito, levadas por uma das vozes mais expressivas que a actualidade tem para oferecer. Portanto é um disco para ouvir na sequência dos anteriores e compreender a obra de alguém que não merecia fazer um disco, que aqui digo ser muito bom, e vê-lo remetido para o esquecimento.
Esperemos (e sabemo-lo desde já) não ser esse o caso. É que as novas tecnologias, poderão trazer inúmeros malefícios... mas trazem também a possibilidade de ouvir neste um muito bom disco, com uma grande canção no seu início em "Not About Love", imaginar um single em "Better Version of Me" e um outro na excelência de "Used to Love Him".
Nem seria necessário Mark Romanek a realizar um video para eles (tal como fez como o excelso "Criminal"), ou os talentos do seu companheiro P. T. Anderson atrás da câmara, para que a sua editora reconsiderasse a sua decisão.
Bastaria algum bom senso...
Site oficial de Fiona Apple