[Concerto] Mísia no Maxim´s
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Já aqui tínhamos referido que Mísia, no último concerto que tivemos o prazer de assistir tinha encerrado o mesmo com um bolero. A expectativa perante essa nova interpretação, foi sendo aumentada por algumas entrevistas e especiais, nos quais descobrimos que o novo disco “Dramabox” incluiria tangos e boleros, para além de alguns fados. Sabendo que existe sempre um elemento de surpresa e renovação na sua obra e que as suas escolhas não nos deixam de surpreender, aguardava assim, conformado, o lançamento do disco referido.
Só que por um estranho acaso, muita sorte e a extrema gentileza de Inês Mota (os mais sinceros e aqui renovados agradecimentos) pude assistir ao showcase de apresentação deste novo trabalho que se avizinha e logo ouvir em primeira mão os novos temas.
Este pequeno concerto teve lugar no Maxim´s, casa que, ficámos ali a saber, tem um importante significado para a cantora. Nela há cinquenta anos, a sua mãe tinha lá actuado. Um local muito especial portanto.
E especial foi o espectáculo apresentado. Existe nele um conceito inerente. Um hotel "Dramabox" serve de lugar comum onde os vários músicos se encontram e partilham as suas vidas connosco em forma das canções que se lhes prestam a ser tocadas.
Estando nós então no salão de tal hotel, pudemos constatar a nova orientação e sentir que estávamos perto de Buenos Aires.
A excelência da interpretação dos tangos e boleros é por demais evidente, mesmo a mim, que apenas conheço um pouco (muito pouco) de Gardel e Piazzolla.
Os novos fados que em seguida apresentou são do melhor que já ouvi dela, portanto do melhor que já ouvi. Os meus colegas de redacção que se preparem pois quando o disco chegar por lá, vai rodar para além do limite do razoável...
Mísia esteve muito comunicativa, como seria de esperar num show com estas características e disfarçando na perfeição o nervosismo que disse que ia sentido, brindou-nos com mais alguns temas novos e ainda o seu fado fetiche "Lágrima".
Admito que cada vez que o oiço na voz dela é como se o fizesse pela primeira vez. O arrepio é inevitável.
Em suma, ao privilégio de ali estar, tive ainda a felicidade de assistir a um espectáculo, obviamente curto, obviamente incidindo em material novo, obviamente excelente.
Não posso deixar de referir e de me repetir, para quem acompanha os meus escritos, que este 2005 tem sido um ano excepcional a nível da música que vou ouvindo. Já falei dos discos que me enchem os dias, mas em termos de concertos, houve já o soberbo de Einsturzende Neubauten, agora Mísia e em breve teremos Perry Blake e Antony and the Johnsons e tudo isto e o ano sem ir a meio.
Venha o resto!
Sítio oficial de Mísia