quinta-feira, novembro 04, 2004

[entrevista] "Equilibrium Music"

Cada vez mais o “Otites” vai-se demarcando e criando uma imagem própria, num formato que ainda não está totalmente explorado, e numa altura em que alguns trunfos estão ainda por lançar.
Desta feita, e constituindo uma estreia neste blog, temos o orgulho de apresentar uma entrevista em exclusivo com a editora "Equilibrium Music".
Tratando-se de um facto assinalável, a título de excepção este será um post mais extenso do que aquilo que tem sido o nosso costume, mas julgo valer bem a pena e sou da opinião que a entrevista faz sentido como um todo, rejeitando assim a hipótese de a dividir em 3 ou 4 posts diferentes.


Dando os primeiros passos a meio do ano 2000, a editora Equilibrium Music surge como base de sustento, em Portugal, para os géneros relacionados com darkwave, medieval, darkfolk e afins. Tendo começado como uma companhia de distribuição, a Equilibrium Music lança o primeiro registo em Setembro de 2001 – os Portugueses Dwelling. Este seria apenas o início de um dos projectos mais interessantes a nível nacional, e hoje a Equilibrium Music encontra-se já ligada a importantes nomes nacionais e internacionais do género, como os Aenima, Melian, Ataraxia, Lupercalia, apenas para mencionar alguns.
É então com enorme prazer que o “Otites” vê concedida uma entrevista exclusiva com um dos mentores deste projecto, João Monteiro.

1. Como é que surgiu a ideia, e depois a oportunidade, de iniciar este projecto?
R: Já há algum tempo que eu e Nuno Roberto, com quem trabalho em parceria na Equilibrium Music, falávamos em criar um projecto comum, dados os gostos que partilhávamos. Esta intenção acabou por originar a ideia de criarmos uma editora, e consequentemente uma estrutura de distribuição e suporte, para géneros ainda pouco conhecidos, ou algo marginalizados, em Portugal, que toquem o Neo-Clássico, o Ambiental, o Medieval, o Industrial, e várias outras correntes relacionadas.
O envolvimento em algumas publicações no passado proporcionou os contactos necessários para arrancar com o projecto, que acabou por ser iniciado em meados do ano 2000.

2. Qual é a filosofia da Equilibrium Music e o que a distingue de outras editoras?
R: Sem querer repetir o que a maioria das editoras responderia, gostamos de pensar que a aposta da Equilibrium se foca principalmente na qualidade, ao invés duma postura estritamente comercial. Temos um critério bastante selectivo em relação aos projectos que editamos, e em geral é-nos mais importante poder acreditar num projecto pela música que fazem (e como pessoas, também), do que pela sua viabilidade financeira e potencial comercial.
Em termos mais concretos, a orientação da Equilibrium Music dirige-se a géneros mais próximos do Neo-Clássico ou Medieval, com preferência para projectos que explorem sonoridades acústicas, aliadas a um trabalho de voz interessante e distinto, e que tenham já atingido um nível de maturidade considerável no seu trabalho. Tanto quanto sabemos, é uma orientação ainda pouco explorada, quer em Portugal, quer no estrangeiro, dentro de moldes tão especifícos.

3. Qual é o teu background a nível musical, e em particular relacionado com os géneros abrangidos?
R: Antes da Equilibrium Music, fui o responsável pela Dark Oath Magazine, cuja evolução culminou numa revista que apresentava um conteúdo híbrido entre os géneros que a Equilibrium Music representa agora e vertentes menos vulgares dentro do Metal ou do Gótico.
Fui também colaborador do Underworld/Entulho Informativo e da Riff durante algum tempo.
Além da participação nestas publicações, existe também Chants for the Fallen, um projecto cuja sonoridade varia entre o Neo-Clássico e o Medieval, e que se encontra em fase de hibernação durante algum tempo após duas participações em compilações editadas pela Palace of Worms em Itália e pela Dragonflight Recordings dos Estados Unidos.
Mais recentemente surgiu também a oportunidade de trabalhar com Luigi Rubino, dos italianos Ashram, num novo projecto que, se tudo correr como esperamos, teremos oportunidade de apresentar em breve.

4. Quais são os nomes mais importantes que a Equilibrium Music representa actualmente?
R: Penso que a possibilidade de trabalharmos com Ataraxia, quer na edição do seu álbum ao vivo, quer na edição do trabalho a solo do seu guitarrista Vittorio Vandelli, será talvez um ponto alto para nós, pela notoriedade que os Ataraxia têm já neste meio. Como editora, a Equilibrium alberga também projectos como Dwelling e Lupercalia, e estamos neste momento em negociações com outros projectos com vista a futuras colaborações.
A nível de distribuição, a parceria com a editora sueca Cold Meat Industry representa um dos pontos fortes da Equilibrium, a par de outras como a Tesco, Prophecy Productions, Prikosnovenie, Black Rain, Middle Pillar, Projekt, Holy, Palace of Worms, Eibon, Old Europa Cafe, Eternal Soul ou HauRuck!, algumas ainda com uma relevância relativamente pequena no nosso país, mas que são fortes referências neste meio.

5. Qual a tua posição relativamente à partilha de ficheiros mp3 pela internet?
R: É uma questão que daria muito que falar, mas basicamente, concordo apenas parcialmente com a partilha de ficheiros mp3, visto que, para muita gente, é uma forma demasiado fácil e cómoda de obter música que acaba por afastá-las de um certo culto que implicava a procura por novas sonoridades há uns anos atrás. Talvez nem todos entendam o que quero dizer com isto, mas o facto de leres numa fanzine obscura acerca de uma banda que te parece interessante, e acabares por ter que encomendar o disco do outro lado do Mundo porque caso contrário nunca o conseguirias ter, dava um gosto especial às coisas. Neste momento, provavelmente demorarás poucas horas para encontrar o que queres na internet, e acho que o desinteresse geral pela música, não apenas como indústria, mas também como forma de expressão que vá além da imbecilidade comercialoide, se deve muito a este fácil acesso às coisas, que acaba por ser uma consequência inevitável dos tempos que correm, infelizmente.
Ainda que seja uma ferramenta benéfica para a divulgação de novos projectos, a partilha de ficheiros por este meio resulta também numa forma de parasitismo para muitas pessoas cuja colecção musical se limita a ficheiros que sacaram da internet, porque não estão para se dar ao trabalho de adquirir o CD, seja porque é díficil encontrá-lo, porque é caro, ou por quaisquer outras razões, que nem sempre servem de desculpa.

6. A promoção é difícil de levar a cabo para o género musical que a Equilibrium Music abrange. Que portas estão abertas e quais estão fechadas?
R: Ocasionalmente, surgem algumas surpresas agradáveis que proporcionam algumas oportunidades de promoção, embora estas em geral surjam por parte de revistas ligadas a outros géneros alternativos, como a Rock Sound, a Blast ou a Umbigo, que foram, das publicações que chegam às bancas, das poucas em que conseguimos alguma exposição sem necessidade de recorrer aos lobbies obscuros que parecem ditar as regras em outros jornais ou revistas, bem como na rádio. Ainda que sejam géneros pouco habituais, acredito que haja espaço para aquilo que representamos junto do público, logo que estes tenham oportunidade de o conhecer, mas é difícil conseguir atenção quando são coisas alheias inclusivamente à maioria das pessoas que trabalha no meio.

7. Como descreves a cena darkwave, darkfolk e afins actualmente em Portugal? Que diferenças encontras em relação ao passado? Quais são as perspectivas para o futuro?
R: Não creio que exista uma cena darkwave/darkfolk, etc., por si só em Portugal; acho que vai existindo como parte integrante de outros movimentos alternativos como o Gótico, ou o Metal, e dificilmente se destaca como algo único. Em parte, penso que o darkfolk e/ou o darkwave, e restantes sonoridades que predominam na Equilibrium, acaba por gerar um tipo de dinâmica que não apresenta grande predisposição para originar um movimento ou uma cena autosuficiente, talvez porque boa parte das pessoas mais ligadas a este meio acabam por já ter entrado numa idade mais adulta, em que não faz tanto sentido teres dinâmicas de grupo como as que se geram em termos do Metal, ou do Gótico, por exemplo, que em grande parte se relacionam com uma fase mais adolescente pela qual todos passamos.
Tendo dito isto, acabam por ser notórios os esforços e actividades que vão surgindo ligados ao meio, de qualquer forma – por exemplo, os eventos organizados pela Terra Fria, em Sintra, ou as noites de música ambiental que têm lugar no TocSin, em Lisboa. Por um lado, tenho a sensação de que o interesse, e o grupo de pessoas que acompanha este tipo de sonoridades talvez seja menor nos dias que correm (ou pelo menos terá um perfil diferente do que tinha há uns anos atrás), mas em compensação existem outros tipos de eventos, entidades e actividades que não existiam até há pouco tempo atrás, bem como alguns projectos musicais dentro deste meio, que começam já a ter uma recepção bastante positiva mesmo junto do público estrangeiro, como é o caso dos Dwelling, dos Karnnos, Wolfskin e restantes projectos relaccionados com a Reaping Horde, e dos Sangre Cavallum ou Kurz.
Tenho algumas dificuldades em antever o que trará o futuro, mas existe ainda bastante espaço para o meio crescer relativamente a estes géneros em Portugal.

8. Quais são os projectos para o futuro da Equilibrium Music?
R: Neste momento, estamos a fazer os preparativos para a edição do album ao vivo de Ataraxia e Autunna et sa Rose, que sairá ainda antes do final do ano, se tudo correr como esperado, e temos ainda uma parte da promoção ao trabalho de Vittorio Vandelli, editado recentemente, por completar.
Existem alguns projectos com quem estamos a discutir uma possível colaboração, como referi antes, mas para já não há nada em concreto que possamos anunciar ainda, e em geral preferimos não anunciar nada antes de estar tudo confirmado.
Em termos de distribuição, contamos poder apresentar uma parte do nosso catálogo a várias lojas do país e tentar assim conseguir mais alguma exposição, de uma forma mais imediata, para quem tem ainda algum receio de fazer encomendas por correio. Haverá também uma versão em Português do nosso site disponível em breve, já agora.

9. Quais são os 5 discos que mais têm “rodado” presentemente no teu leitor?
R: Vittorio Vandelli – A Day of Warm Rain in Heaven; a compilação “Flowers Made of Snow”; Derniére Volonté – Commemoration; Neither/NeitherWorld – Rewound; Puissance – State Collapse.

10. Tens algumas palavras finais que queiras dirigir aos leitores?
R: Antes de mais, gostaria de agradecer ao Otites pelo interesse demonstrado e pela oportunidade de falarmos um pouco acerca do nosso trabalho. Espero que desperte o interesse dos vossos leitores, e que os motive a visitar o nosso site e a descobrir novas sonoridades. Teremos todo o prazer em receber todo o tipo de feedback.



Ficam os agradecimentos especiais do "Otites" à Equilibrium Music, em particular ao João Monteiro, pela atenção dispensada.

» Site oficial da Equilibrium Music

 

 

 

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