[DISCO] VA - “Give the finger to spoiler's disk”
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Optámos por criticar este disco da Mimi (em jeito de conclusão da entrevista realizada) por duas razões: Sendo uma compilação não poderia cair sobre nós, qualquer sombra de preferência nos artistas que já editaram por aquela netlabel, além disso, todos os artistas são japoneses o que nos alimentava a curiosidade.
Em cerca de 50 minutos podemos ouvir música electrónica, i.d.m., ambient e suas fusões nos mais variados graus sempre com a sensação de experimentalismo que agrada não sendo necessariamente frio, inorgânico e distante. Bem pelo contrário, certas faixas podem acariciar um ouvido mais frio com as temperaturas gélidas que se deixaram ficar por Portugal.
A filosofia "copy-paste" de múltiplos e pequenos fragmentos sonoros acontece em boa aparte dos temas apresentados. Um dos que alcança sucesso na prática é “Cruel, cruel, cruel defense” dos umbruella_process, segunda faixa dos disco que nos propõe um tema híbrido de electrónica e noise. Já Stingray e “Control the power” apresenta-nos uma faixa de trance com frases em japonês que nos podia (enquanto europeus) transportar para um combate num filme anime entre dois heróis. Se em @mu:le com “I've counter culture” os estilhaços rítmicos de drum n’ bass se misturam com desconstruções de melodias e os seus aproveitamentos (com um bom diálogo entre as duas partes), já Bathroom Orquestra mostra-nos uma balada cantanda em japonês com viola acústica e bateria a acompanhar. O projecto countzERO encarna a filosofia que enunciei no ínicio (“copy-past” e ainda “cut”) em que os sons são cortados, retrocidos, esticados, alterados, filtrados e tudo mais numa escola sonora que poderiamos apelidar como “hard-core Hextatic”. Os BrandCafe Club em “TTIC” não esquecem sonoridades japonesas quando as misturam com um breakbeat condimentado com uma voz feminina formando um resultado muito interessante e sem dúvida, um dos mais agradáveis do disco. Na penúltima faixa espera-nos o que me parece ser um hip-hop japonês, bastante, retro com um contra-baixo a fluir que enche a música. As vozes, estranhas ao ouvido, distorcem-se ao longo dos 3 minutos e 22 segundos de música, mas por originalidade ou estranheza o resultado é positivo. Por último fica guardada uma pérola. Chama-se “Maradona” e mistura sintetizadores etéreos, uma voz feminina insegura q.b. muito melódica e uma batida completamente partida por vezes quase a impôr-se no resto da música, mas raramente se excedendo, isto porque não esperamos (logo desde o ínicio da audição de “Maradona”) o tradicional “quatro por quatro”. Desconcertantemente bela a composição de irish com Tsuruchin a acabar esta compilação.
“Give the finger to spoiler's disk” é um disco heterogéneo com muitos bons momentos musicais que, abrançando uma realidade um pouco distante que é a música moderna japonesa, nos sensibiliza para algumas visões completamente disitintas dessa mesma realidade. A fazer o download com urgência aqui.
[VA "Give the finger to spoiler's disk”, Mi020]