[DISCO/RARIDADE] X Mal Deutschland "Viva"
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Começa aqui uma nova rubrica na qual daremos atenção a certos discos menos comuns, ou mesmo raros, mas que ocupam um certo lugar nas nossas audições.
Pequena resenha histórica. Estes X Mal Deutschland (XD), formaram-se em 1980 em Hamburgo, Alemanha com um alinhamento inteiramente feminino: Anja Huwe (voz), Manuela Rickers (guitarra), Rita Simon (baixo), Fiona Sangster (teclados), and Caro May (bateria). Através duma digressão com os Cocteau Twins, foram convidados para a 4AD e por lá ficariam até lançarem este "Viva". Até aqui alguns singles e dois excelentes álbuns, Feticsh e Tocsin
1987. Uma formação mudada, a mudança para a editora Phonogram com consequentes receios nas opções estéticas e sonoras que isso implicaria e uma legião de seguidores dedicados, divididos entre a referida Anja e Siouxsie nas suas fantasias menos próprias.
Contextualização: Cavaco tinha a maioria absoluta, a SIDA não é coisa de homossexuais e é mesmo para o mundo inteiro e na URSS algo está a mudar.
Portanto o álbum. Depois do punk de "Fetisch" e o gótico de "Tocsin" eis que surge o disco que consegue transpor a raiva do primeiro e o negrume do segundo em algo mais bem mais pop. A primeira música e também o primeiro single, "Matador" indica isso mesmo. É uma grande canção pop, mas que sem dúvida deve ter afastado alguns fãs mais agarrados aos sons do então passado. O resto do disco mantém a tendência de um som mais acessível como se pode conferir, por exemplo, no segundo single, "Sickle Moon". Além disso há também a destacar a inclusão de várias músicas cantadas em inglês o que até então não acontecia. Os dois singles referidos são cantados nesta língua e teremos que salientar que esta escolha não terá sido a mais feliz. Algo que não consegui saber é se foi realmente uma escolha ou uma sugestão da nova editora...
Mas apesar disso o som dos XD continua por lá e mesmo escondido por uma roupagem mais acessível, ele salta ao ouvinte mais atento. Existem músicas incríveis que condensam toda a essência desta banda: "Polarlitcht", "Feuerwerk (31 dez)", "Eisengrau" são alguns exemplos.
Mas em abono da verdade este disco fica sem dúvida uns furos abaixos dos anteriormente referidos. E no entanto, é o meu favorito dos XD... sabe-se bem que a lógica nada tem a ver com estas coisas.
Para quem tiver a oportunidade aconselhamos como complemento, as fantásticas Peel Sessions gravadas pelos XD de 30 de Abril de 1985, numa altura em que se preparava este "Viva". Brilhantes!
E já que se fala aqui de raridades, há a salientar a edição deste disco. A capa foi concebida pelos 23th Envelope, conhecidos pelos seus magníficos trabalhos para a 4AD e a excelente fotografia da banda no interior é do já referido, em posts anteriores, Anton Corbjin.
Quanto a ter o disco, admito que nunca vi uma edição em CD, embora haja registos de tal coisa (aqui fica a referência, Cat no: 830 862-2). A edição em vinil também não será fácil de encontrar, mas pelo atrás escrito vale bem a pena, em especial se forem conhecedores da banda. Lojas de discos em segunda mão serão a hipótese óbvia.
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Discografia