[concerto] Rammstein - Pavilhão Atlântico - 09/11/2004
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A expectativa era grande, principalmente para ver como funcionariam ao vivo as músicas de "Reise, Reise" - o último álbum mais complexo, experimental e maduro que os anteriores, embora sem fugir à habitual fórmula que usam.
“Reise, Reise” (que estará mesmo uns bons furos abaixo do anterior "Mutter" - para muitos o melhor disco dos Rammstein até ao momento) será um disco mais pormenorizado que leva tempo a descobrir, daí talvez que só vai começando a "entrar" definitivamente no ouvido após várias insistências. Talvez seja esta a grande diferença relativamente aos outros discos, porque estes "entravam" à primeira, o que fazia dispensar, por exemplo, a necessidade de traduzir as letras; neste último disco já damos por nós a procurar alguns significados.
Adicionalmente, a expectativa quanto à componente mais teatral e pirotécnica, já que a fasquia vinha elevada das tours anteriores.
A dúvida começou a desfazer-se logo de início, quando nos deparamos com um palco várias vezes maior que o do Pavilhão do Restelo (em finais de 2001), e de aspecto imponente e misto industrial-apocalíptico. A partir daí, foi um inferno galopante de chamas despejadas em todas as direcções. Vindo de toda a parte, em direcção ao tecto, músicos e até ao público, diversas queimaduras de 1º, 2º e 3º foram surgindo, para delírio do milhares de fãs que enchiam o Atlântico.
Assinalável a novidade, pois então, duma maior atenção dada ao jogo de luzes e outros mecanismos que deixaram o palco em movimento do princípio ao fim.
E é isto mesmo que caracteriza um concerto dos Rammstein: o facto de, só depois destas linhas todas, chegar à parte da música em si.
Foi um concerto bem focado no último álbum (com "Reise, Reise", "Keine Lust", "Morgenstern", "Mein Teil", "Stein Um Stein", "Los", "Moskau", "Amerika" e "Ohne Dich"), juntamente com outros registos (como "Links 2,3,4", "Feuer Frei!", "Rein Raus", "Du Riechst So Gut", "Du Hast", "Sehnsucht", "Rammstein", "Sonne", "Ich Will" e "Stripped"), alguns deles já considerados clássicos.
De destacar, sem dúvida, que algumas das músicas do último disco funcionaram bem ao vivo, contrastando com outras que nem por isso, como o caso de "Los" que manifestamente soa bem melhor no disco. Além disso, fazer sobressair "Mein Teil" (a tal música que fala sobre um canibal que, através de um anúncio, conseguiu ter "companhia" para um jantar de contornos rocambolescos - basta referir que "Mein Teil" quer dizer "Meu instrumento" para se ficar a saber qual foi a ementa...) que após um início devastador, surpreendeu tudo e todos com a aparição de um enorme panelão, com o teclista da banda dentro, sendo que o vocalista (vestido de cozinheiro) o cozeu barbaramente com um lança-chamas de proporções assombrosas.
Nota máxima para o público que rapidamente conquistou a banda (que bem soube reconhecer) e que acompanhou exemplarmente do princípio ao fim, especialmente em “Du Hast” e no envolvente, incendiado e esmagador “Du Riechst So Gut”.
Memorável para os fãs.
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