[concerto] "Cantando Bajo la Lluvia" (crónia - "Os Musicais")
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"O que é que é isso oh meu?"
Seria com esta frase célebre do malogrado comentador desportivo Jorge Perestrelo, que definiria quase todo o meu tudor de desplante perante o Musical 'Cantando Bajo la Lluvia' (CBLL) que encheu durante três noites o Teatro Principal de Alicante.
Este género de espectáculo não me agrada muito (aliás, agrada-me pouco) mas a verdade é que foi-me completamente impossível resistir à tentação de assistir à versão dobrada (é evidente, estando em Espanha) do famoso 'Singing in the Rain' the Gene Kelly.
Desde o popular estilo spoken word que é a revista à portuguesa com pouca qualidade coreográfica e musical até aos fútis e intelegíveis shows de Casino onde abundam maminhas e plumas de registo instrumental, pouco se poderá dizer que vale a pena ver numa coisa destas. Outros espectros deste tipo de animação cultural incluem, a título de exemplo, as obras de Andrew Lloyd Webber como 'Cats' ou as cintilantes e aquarianas libertinisses do 'Jesus Crist Superstar'. Creio que será sempre melhor ver pela televisão do que pagar para ver ao vivo, embora existam excepções.
Os grandes musicais são os que, antes de tudo, têm especiarias raras, seja na composição musical, casos das obras geniais de George & Ira Gershwin com o inesquecível soul gospel de 'Porgy and Bess' ou os palcos em que o swing de Cotton club imperava e fazia brilhar Al Johnson, o branco que se fazia passar por negro, ou ainda da inovação das coreografias de Carmen Miranda ou Josephine Baker cuja desibinição causava espanto. Mas claro isto já era one Man-Woman show e não um musical.
Este CBLL foi um bocadinho fraquinho na cenografia (chuva feita de aspersores e holofotes que parecia uma camabada de mosquitos ) e, entre os demais dançarinos, realmente o duplo de Gene Kelly (Daniel Caballero) sapateava bem mas, a melhor forma de comparar é lembrar as dobragens que o La Féria fez na transformaçao do My Fair Lady em 'Minha Linda Senhora' que me soa horrível e me dá azia. Mas ainda subsiste um público muito vasto para estes musicais, de uma classe etária mais datada e ainda sonhadora das vivências douradas da Holywood dos anos 50.
Eu, tal como o Perestrelo, por 15 euros lá na coxia onde fiquei, com a minha barriguinha chegava e facturava melhor mas enfim, nao me parece que aquí no termomediteraneo vá chover tao cedo e possa dizer 'estou cantando debaixo de chuva'.